Justificativa apresentada na defesa do Projeto em Curitiba-PR

A efervescência por que passa hoje o movimento estudantil brasileiro terá impressas em sua superfície ( e por que não dizer a fundo em sua carne) as digitais da Executiva Nacional dos Estudantes de Letras- ExNEL. As deliberações da plenária final do XXVII ENEL-Brasília e, subseqüentemente, no CONEL, realizado na USP, a reafirmação da postura de lutar contra a Reforma Universitária e contra todas as medidas provisórias e decretos, métodos adotados pelo governo para implementar o desmonte do ensino público neste país lançaram a ExNEL numa posição pioneira em relação às demais entidades do movimento de área.

Reivindicamos o balanço da ExNEL na construção da Frente Nacional de Luta Contra a Reforma Universitária, pois fomos a primeira executiva de curso a apontar a necessidade de sua construção para que os estudantes de todo o país tivessem uma ferramenta que lhes unificasse para a ação permanente contra os ataques do governo e a traição da União Nacional dos Estudantes- UNE.

Parece-nos, assim, de fundamental importância, para que esse efetivo avanço possa se materializar também no cotidiano dos estudantes de Letras de cada região do país, que tenhamos a preocupação de corrigir alguns descompassos que ainda há no que tange ao reconhecimento da ExNEL por seus representados.

Neste sentido, arriscamos fazer uma relação direta entre as regiões que assumem a sede dos fóruns da ExNEL e a necessidade de organização que se vê manifestada nos passos seguintes das escolas sede, sobretudo observando os dois últimos Encontros Nacionais. A participação expressiva dos estudantes do Centro-Oeste e do Sul nas suas plenárias regionais no XXVIII ENEL seriam o melhor exemplo do que aqui queremos demonstrar.

No final de abril deste ano de 2007, a Universidade Federal do Pará, campus do Guamá, sediou o XI EREL Norte e essa experiência motivou vários estudantes a quererem estreitar relações com a nossa Entidade. Acreditamos, no entanto, que na região Norte ainda há muito para avançarmos e, nesse primeiro aspecto, acreditamos que sediar o XXIX ENEL poderá alavancar a consolidação na base do respeito e reconhecimento que a entidade já alcançou no cenário Nacional.

Um segundo aspecto ao qual nos atemos, que talvez ratifique este primeiro, é justamente o sistema de rotatividade entre as regiões no que tange à escolha da escola sede para o nosso máximo fórum deliberativo: em 2008, completará exatamente dez anos que o Pará sediou o ENEL. Esse elemento apresenta não apenas, mas também um valor simbólico, posto que o sentimento de ousadia e o espírito de luta e a responsabilidade com o movimento estudantil volta a inflar os pulmões dessa nova geração de estudantes que se propõe a discutir o papel da Universidade, do profissional e dos estudantes da linguagem dentro da sociedade.

A variedade de temas abordados a partir da produção dos estudantes/ pesquisadores das várias linhas de pesquisa tanto no campo da lingüística quanto da Literatura representando as Universidades do País, possibilitarão aos estudantes da região Norte, atingidos diretamente tanto pela disparidade geográfica de um país com dimensões continentais, quanto pela falta de verbas de incentivo a participação em congressos, o diálogo com outras possibilidades de intervenção no espaço acadêmico, como no conjunto da sociedade em que vivemos.

Por fim, salientamos a extrema satisfação que teremos em receber os colegas de curso em nossa casa e dar a beber na fonte uma das mais ricas culturas que varia da culinária à dança, das praias de rio à chuva diária das 2h, que passa pela canoa do ribeirinho e vai desaguar na poesia de Max Martins, ou nas letras de cotidiano do carimbó parauara.

É açaí, pupunha e tacacá... no ano que vem, o ENEL é no Pará!